Os sistemas eletrônicos de entrega de nicotina, conhecidos como cigarro eletrônico, são, potencialmente, um fator de risco para câncer na região da cavidade oral, porém, as evidências de momento não são suficientes para confirmar essa associação.
A observação está no estudo The use of E-cigarettes as a risk factor for oral potentially malignant disorders and oral cancer: a rapid review of clinical evidence, publicado na revista científica “Medicina Oral, Patologia Oral, Cirurgia Bucal” por pesquisadores do departamento de Semiologia e Patologia Oral do campus de Piracicaba da Escola de Odontologia da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Patologia Oral e Histologia da Escola de Odontologia da Universidade Nacional de Assunção, no Paraguai.
Neste trabalho, foi realizada uma busca sistemática de artigos publicados em língua inglesa no PubMed (MEDLINE), Embase, Scopus e Web of Science. Após o processo de seleção dos estudos, os autores incluíram doze estudos clínicos sobre doenças orais potencialmente crônicas (OPMD) e risco de câncer oral em usuários de cigarros eletrônicos. Os principais achados mostraram a presença de compostos carcinogênicos na saliva e alterações morfológicas, além de danos ao DNA. Foram também identificadas vias moleculares relacionadas à carcinogênese nas células orais de usuários de cigarro eletrônico.
No entanto, ponderam os pesquisadores, os achados foram inconsistentes em comparação com fumantes de tabaco e grupos de controle. “Embora, a partir deste estudo, ainda não seja possível estabelecer o uso de cigarro eletrônico como uma das etiologias (causas) de câncer de boca, é fundamental que os profissionais de saúde dentária aconselhem os pacientes de forma responsável sobre os efeitos potencialmente nocivos dos cigarros eletrônicos nas células da mucosa oral. “Paralelamente, eles identificaram a necessidade de se realizar mais estudos clínicos, bem desenhados e de longo prazo, para gerar uma evidência robusta”, afirma o cirurgião oncológico Dr. Luiz Paulo Kowalski.
Cigarros eletrônicos - A popularidade dos cigarros eletrônicos aumentou rapidamente na última década, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, sendo anunciados como uma alternativa menos prejudicial aos produtos convencionais do tabaco. No entanto, estudos in vitro e in vivo evidenciaram uma quantidade variável de componentes potencialmente nocivos e alguns carcinógenos reconhecidos que podem causar danos ao DNA de células orais. Além disso, as evidências sugerem que os cigarros eletrônicos podem desempenhar papéis ativos na patogênese de outras doenças malignas, como câncer de pulmão e bexiga.
Referência do estudo
Gallagher KP, Vargas PA, Santos-Silva AR. The use of E-cigarettes as a risk factor for oral potentially malignant disorders and oral cancer: a rapid review of clinical evidence. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2024 Jan 1;29(1):e18-e26.
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