O trabalho destaca o papel dos medicamentos de imunoterapia nivolumabe e pembrolizumabe como inibidores dos pontos de verificação imunológico anti-PD1.

Três anos depois de a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA) conceder as primeiras aprovações do uso em imunoterapia para tratamento de pacientes com carcinoma espinocelular recorrente de cabeça e pescoço (CECP) pesquisadores norte-americanos apresentaram em 2019 um estudo de consenso, multicêntrico intitulado The Society for Immunotherapy of Cancer consensus statement on immunotherapy for the treatment of squamous cell carcinoma of the head and neck (HNSCC) na revista científica Journal for ImmunoTherapy of Cancer.
O trabalho destaca o papel dos medicamentos nivolumabe e pembrolizumabe como inibidores dos pontos de verificação imunológico anti-PD1, ou seja, duas monoterapias classificadas como imunoterapia, indicadas para o tratamento de pacientes com carcinoma espinocelular recorrente da cabeça e pescoço (CECP) refratário a quimioterapia à base de platina. Após a aprovação em 2016, a Comissão Europeia seguiu no ano seguinte com a aprovação do nivolumabe para tratamento da mesma população de pacientes.
Na sequência, houve a aprovação da monoterapia com pembrolizumabe para o tratamento de CEC de cabeça e pescoço recorrente ou metastático em adultos cujos tumores expressam PD-L1 com uma pontuação de proporção tumoral igual ou maior a 50% e que progrediram durante ou após tratamento contendo quimioterapia (platina). Foi então que, em 2019, a agência FDA concedeu a aprovação para a inibição de PD-1 como tratamento de primeira linha para pacientes com CECP recorrente, metastático ou irressecável, aprovando o pembrolizumabe em combinação com platina e fluorouracil para todos os pacientes com CECP e pembrolizumabe como agente único para pacientes com CECP, cujo tumores expressam uma pontuação positiva combinada de PD-L1 ≥ 1.
As aprovações ocorridas a partir de 2016 foram marcantes porque já fazia uma década desde que, em 2006, não havia novas terapias para estes pacientes. “Além disso, foram as primeiras aprovações de imunoterapia para esta doença. A partir dalas, se formou um comitê de especialistas, responsável por revisar os principais estudos sobre o tema e definir as recomendações consensuais para imunoterapias a partir da seleção adequada de pacientes”, recorda o cirurgião oncológico Dr. Luiz Paulo Kowalski
Os autores destacam que estas diretrizes de consenso servem, ainda em 2025, como base para ajudar os médicos na compreensão do papel das imunoterapias neste cenário de doença e padronizar a utilização em todo o campo para benefício do paciente. Devido a variações específicas de cada país nas aprovações, disponibilidade e regulamentos relativos ao discutiram os agentes, este painel concentrou-se exclusivamente em medicamentos aprovados pela FDA para o tratamento de pacientes nos EUA.
Perguntas-chave
O estudo apresentou as diretrizes de consenso para nove perguntas-chave referente ao manejo dos pacientes. A primeira delas foi como deve ser a imunoterapia com inibidores PD-1 como tratamento de doenças recorrentes/metastáticas? A resposta, considerando como abordagem de primeira linha, aponta que se indica pembrolizumabe para pacientes sem tratamento prévio e que o Pembrolizumabe associado com quimioterapia (platina e fluorouracil) pode ser usado para tratar todos os pacientes sem tratamento prévio, com biomarcadores não especificados. A indicação inclui pacientes com carcinoma de células escamosas recorrente ou metastático.
As demais perguntas-chave, cujas respostas estão no artigo, abordam o papel dos testes de biomarcadores como o status do HPV influencia o uso de imunoterapia; como deve ser avaliada a resposta ao tratamento; como devem ser reconhecidos os eventos adversos relacionados com o sistema imunológico; além de indicar se existem categorias de pacientes com CECP que não deveriam receber imunoterapia? Qual é o papel da imunoterapia em casos raros e subtipos de câncer de cabeça e pescoço? Assim como se há uma nova estratégia de terapia sistêmica combinada para esses tumores? Por fim, como promover a qualidade de vida e envolvimento do paciente.
O câncer de cabeça e pescoço, incluindo os de lábios e cavidade oral, cavidade nasal, seios paranasais, orofaringe, hipofaringe, laringe e nasofaringe representam carca de 700 mil novos casos e 380 mil mortes em todo o mundo por ano e são responsáveis por mais de 10 mil mortes anuais somente nos Estados Unidos.
Referência do estudo
Cohen EEW, Bell RB, Bifulco CB, Burtness B, Gillison ML, Harrington KJ, Le QT, Lee NY, Leidner R, Lewis RL, Licitra L, Mehanna H, Mell LK, Raben A, Sikora AG, Uppaluri R, Whitworth F, Zandberg DP, Ferris RL. The Society for Immunotherapy of Cancer consensus statement on immunotherapy for the treatment of squamous cell carcinoma of the head and neck (HNSCC). J Immunother Cancer. 2019 Jul 15;7(1):184.
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