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Estudo avalia mais de 9 mil pacientes e mostra as barreiras de acesso à cirurgia por via robótica

Atualizado: 4 de fev. de 2022

Um estudo multidisciplinar, que reuniu cirurgiões de cabeça e pescoço e otorrinolaringologia, radio-oncologistas e oncologistas evidencia que os pacientes mais pobres, com status socioeconômico mais baixo e que residem em pequenas áreas urbanas se deparam com mais barreiras para ter acesso à cirurgia transoral minimamente invasiva. Por sua vez, residir em um estado de expansão do Medicaid (programa de plano de saúde público para pessoas de baixa renda nos Estados Unidos) pode melhorar o acesso.



Além disso, as barreiras ao acesso à cirurgia robótica podem ser maiores do que ao acesso à cirurgia não robótica. Esta é a conclusão dos pesquisadores da Universidade do Arizona e do Enloe Medical Center, na Califórnia, trazida no estudo The impact of socioeconomic and geographic factors on access to transoral robotic/endoscopic surgery for early stage oropharyngeal malignancy, publicado na revista científica American Journal of Otolaryngology.


“A descoberta trazida neste estudo também reflete o cenário que encontramos no Brasil. A maior extensão e agressividade da doença que, infelizmente, tem alta taxa de diagnóstico tardio no país, e a maior vulnerabilidade social, são obstáculos para o paciente ter acesso ao diagnóstico e ao tratamento”, destaca o Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski, cirurgião de cabeça e pescoço.


Os autores utilizaram o banco de dados “National Cancer Database” para avaliar o papel de fatores sociais e geográficos na probabilidade de receber tratamento de cirurgia robótica transoral (TORS) ou cirurgia endoscópica transoral não robótica em estádio inicial de carcinoma espinocelular de orofaringe (OPSCC). Formou-se uma coorte de pacientes com T1-T2 N0-N1 M0 OPSCC (AJCC v.7), que receberam tratamento de 2010 a 2016.


As variáveis avaliadas foram demografia, características

do tumor, tipo de tratamento, assim como fatores sociais e geográficos. A amostra foi de 9.267 pacientes. Destes, 1.774 (19,1%) receberam cirurgia robótica transoral (TORS), 1.191 (12,9%) receberam cirurgia endoscópica transoral e 6.302 (68%) receberam radioterapia. Nesta análise, os autores descobriram que estádio precoce do câncer, menor carga de comorbidades e tumores HPV-relacionados foram associados a um aumento estatisticamente significativo da probabilidade de receber cirurgia.


Complementarmente, observaram que pacientes que residem em áreas suburbanas ou urbanas pequenas (menos de 1 milhão de habitantes), eram de baixa a média renda ou dependem do Medicaid, eram pessoas menos propensas a receber cirurgia. Pacientes que residem em estados de expansão do Medicaid eram mais propensos a receber TORS. Pacientes que residem em estados que expandiram o Medicaid em janeiro de 2014 foram mais propensos a receber cirurgia endoscópica transoral não robótica.



Referência do estudo


Groysman M, Yi SK, Robbins JR, Hsu CC, Julian R, Bauman JE, Baker A, Wang SJ, Bearelly S. The impact of socioeconomic and geographic factors on access to transoral robotic/endoscopic surgery for early stage oropharyngeal malignancy. Am J Otolaryngol. 2022 Jan-Feb;43(1):103243.



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