top of page
Jornais

Notícias

Dos micróbios aos medicamentos: o que a ciência aponta sobre a influência do microbioma no câncer de esôfago

O microbioma, que consiste no conjunto de bactérias, fungos, vírus e protozoários e outros microorganismos, vive em ambientes como o corpo humano. A microbiota humana é composta por mais de 100 trilhões de microorganismos que residem principalmente em superfícies epiteliais, como a pele, assim como nos tratos digestivo e respiratório. Além disso, pode ser responsável pelo desenvolvimento de tumores gastrointestinais e por aumentar a capacidade do sistema imune agir contra o câncer.



Dr. Luiz Paulo Kowalski

Em sua complexidade, portanto, pode ser a causa de um tumor maligno como também protetor contra a doença. Dependerá se a microbiota está colonizada por microorganismos do bem ou do mal. Justamente com a proposta de analisar o poder do microbioma em câncer de esôfago, pesquisadores de instituições da China publicaram o estudo From microbes to medicine: harnessing the power of the microbiome in esophageal cancer na revista científica Frontiers in Immunology.

 

Neste artigo, de revisão, os autores destacam que o microbioma intestinal é crucial para a modulação imunológica e a saúde geral do indivíduo, pois ele metaboliza compostos benéficos por meio da digestão da fibra alimentar, sintetiza vitaminas e produz ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs). Mais especificamente falando sobre o impacto para o paciente oncológico, quando o microbioma intestinal está desequilibrado, efeito conhecido como disbiose, todo o sistema imune é afetado, influenciando a eficácia da quimioterapia e da imunoterapia.

 

De acordo com o cirurgião oncológico Dr. Luiz Paulo Kowalski, a revisão tem o mérito de traçar a amplitude da correlação entre a microbiota oral, ecossistemas intestinais e carcinogênese esofágica. “Além disso, o estudo aborda os mecanismos mediados pela microbiota e atualiza o conhecimento sobre a utilização do microbioma como um biomarcador para diagnóstico de câncer de esôfago e avalia também a influência para eficácia ou resistência aos medicamentos”, analisa. O que ocorre, na prática, é que, por exemplo, determinadas bactérias aumentam ou inibem as respostas ao tratamento. Os pesquisadores apontam também que a composição da microbiota se mostra como um potencial biomarcador não invasivo para detecção precoce, prognóstico e terapia personalizada.

 

Microbiota e câncer de esôfago

 

O desequilíbrio microbiano é cada vez mais reconhecido como um fator crítico na carcinogênese esofágica, particularmente no carcinoma de esôfago de células escamosas (ESCC). O entendimento sobre a doença se deve especialmente aos avanços em sequenciamento, que permitiram estabelecer a causalidade entre micróbios e a doença. Para os desequilíbrio do microbioma os principais fatores são bactérias como Porphyromonas gingivalis e Fusobacterium nucleatum, que não só contribuem para progressão do câncer de esôfago, como também respondem por resistência à quimioterapia através da ativação de vias como TLR4-NF-kB e IL-6-STAT3.

 

Outro aspecto destacado pelo autores está nos fatores dietéticos e ambientais, que também influenciam significativamente a microbiota esofágica, afetando o aparecimento do câncer e

progressão da doença.  A revisão demonstra que novas estratégias terapêuticas direcionadas à microbiota oferecem caminhos promissores para restaurar o equilíbrio e melhorar a eficácia do tratamento, potencialmente melhorando os resultados dos pacientes. Integrando estratégias focadas no microbioma em as estruturas terapêuticas atuais poderiam melhorar o manejo da CE, reduzir efeitos adversos efeitos e aumentar a sobrevida do paciente. Essas descobertas destacam a necessidade de mais pesquisa sobre interações microbiota-tumor e intervenções microbianas para transformar o tratamento e a prevenção da CE, especialmente em casos de estágio avançado diagnóstico e má resposta ao tratamento.

 

As opções de tratamento

 

Entre as abordagens terapêuticas propostas estão a introdução de microrganismos benéficos (probióticos), assim como de prebióticos, como a inulina (um nutriente funcional, rico em fibras solúveis). Outras estratégias são intervenções dietéticas, que visam apoiar uma microbiota equilibrada através de escolhas alimentares específicas; uso de antibióticos, para ​​modular, seletivamente, determinadas populações bacterianas; transplante de microbioma fecal, que envolve a transferência de microbiota de doadores saudáveis ​​para receptores para restaurar um ambiente microbiano equilibrado e, por fim, os biomateriais, que são empregados para facilitar a modulação direcionada de comunidades microbianas.

 

Referência do estudo

Liu X, Li B, Liang L, Han J, Mai S, Liu L. From microbes to medicine: harnessing the power of the microbiome in esophageal cancer. Front Immunol. 2024 Nov 12;15:1450927. 


Disponível em:


 

 

 

 

bottom of page